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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Amor de mãe, incondicional...


Assim, de repente a vida muda... Vira de cabeça pra baixo e a gente não está mais onde queria estar...
Um sopro de Deus ou do Diabo: a casa cai, como num castelo de cartas!
Muita mágoa... é difícil vencê-la. Passar por cima dos sentimentos, do ego, dos desejos pessoais, abrir mão de si para se dedicar à outra pessoa.
É preciso vomitar, vomitar essas sensações ruins, esses pensamentos obscuros, aperto no coração.
começar de novo, do zero, mas com a bagagem cheia, transbordando, de vivências, experiências e amarguras... Deixá-las no caminho é quase impossível, essas coisas a gente carrega junto, peso nos ombros, sombra no olhar, cicatriz na alma.
Sorrir de verdade com leveza, é quase impossível.
Talvez um dia o medo de tentar de novo se dissipe, mas a vida é curta e a gente envelhece...
Envelhecer com essa tristeza não faz bem, a gente se sente ímpar no mundo, sem um lugar, um conforto, uma estação segura...
Outra vez tento me reerguer... Outra vez a fênix precisa renascer, das cinzas de uma vontade, uma situação que nunca quis... Tentei equilibrar, mas o teto de vidro estilhaçou-se no chão de espinhos.
Descalça, me feri, me parti... Minha cabeça sangra, meu coração chora, solitário e, ao mesmo tempo, cheio de amor, aquele único e incondicional: amor de mãe!
Esse amor que tira a gente da solidão, vontade de se fechar no escuro, que nos sacode, nos reanima... Que nos traz de volta do limiar da morte. POr ese amor, essa ânsia, esse desejo de estar perto deles, de criá-los e vê-los crescer... Do medo de vê-los sofrer sem nossa presença. Um filho precisa estar com sua mãe, precisa ter o dreito de se aninhar em seu colo, dizer e ouvir "eu te amo" quantas vezes for...
Uma mãe precisa sentir o aconchego das mãozinhas fofas, o acalento das risadas, a cara de sono, a eterna alegria de descobrir o mundo.
Esse intenso amor, que nasce dentro das mães, que é gerado e fica guardado no ventre, que a gente carrega por tanto tempo, que é parte de nós... Esse intenso amor consegue nos livrar do precipício,nos faz desistir de pular...
Quando estamos vulneráveis, nosso instinto nos transporta direto aos filhos, queremos protegê-los a todo custo e dói não poder acarinhá-los como gostaríamos...
Mães e filhos, amor puro e incondicinal.
Um salva o outro e lado a lado constroem uma experiência de estar no mundo cheia de amor.
Ser mãe é um ato de coragem, de doação e de abdicação...
Agora me encontro confortada: mergulhando fundo em seus olhares, sorrisos e cheiros... Aninhada no corpo quente, no beijo melado... O resto fica pra depois, ou pra nunca mais!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

LOBO em pele de CORDEIRO: SÉRA???

LOBO em pele de CORDEIRO: SÉRA???: "E ai cambada de tragédias... vcs, por acaso seriam capazes, de distinguir a diferença... nesse caso.... no singular mesmo... Justin Biéber n..."

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A VIDA...

É... fiquei doente,,, do nada, de repente
num estalo. uma dor. irritante
impossível de controlar
hospital
medicamento na veia...
mas não sarei.
Daí o pior, dois dias depois estava eu novamente no hospital
com muita dor
fiz exames: pedra na visícula, infecccionada!!
eu: internada
muitas medicações na veia... muito branco de hospital
muitas enfermeiras
chorei muito, fiquei muito debilitada
uma semana e... cirurgia!
tive que fazer uma cirurgia de emergência...
foi a pior experiência da minha vida!!
sem ter pra onde correr, totalmente entregue e só...
apesar de todos ao meu redor!!
e um medo!!
anestesia geral.... não vi nada
só acordei com uma mulher dizendo: acabou, acabou...
acabou o quê?
eu tremia de frio, tremia
cobertores me esquentaram...
um sono e o medo de dormir
depois... reabilitação
ainda to costurada
com pontos...
andando devagar
fraca
mas imensamente feliz
e afim de me recuperar logo
pra ter de volta o que é meu!!!
e fazer valer essa experiência...

sábado, 18 de setembro de 2010

ESSA É PRA VOCÊ: CAETANO!!!

NÃO ENCHE

Me larga, não enche
Você não entende nada
E eu não vou te fazer entender...

Me encara, de frente
É que você nunca quis ver
Não vai querer, nem vai ver
Meu lado, meu jeito
O que eu herdei de minha gente
Eu nunca posso perder
Me larga, não enche
Me deixa viver, me deixa viver
Me deixa viver, me deixa viver...

Cuidado, oxente!
Está no meu querer
Poder fazer você desabar
Do salto, nem tente
Manter as coisas como estão
Porque não dá, não vai dá...

Quadrada! Demente!
A melodia do meu samba
Põe você no lugar
Me larga, não enche
Me deixa cantar, me deixa cantar
Me deixa cantar, me deixa cantar...

Eu vou
Clarificar
A minha voz
Gritando
Nada, mais de nós!
Mando meu bando anunciar
Vou me livrar de você...

Harpia! Aranha!
Sabedoria de rapina
E de enredar, de enredar
Perua! Piranha!
Minha energia é que
Mantém você suspensa no ar
Prá rua! se manda!
Sai do meu sangue
Sanguessuga
Que só sabe sugar
Pirata! Malandra!
Me deixa gozar, me deixa gozar
Me deixa gozar, me deixa gozar...

Vagaba! Vampira!
O velho esquema desmorona
Desta vez prá valer
Tarada! Mesquinha!
Pensa que é a dona
E eu lhe pergunto
Quem lhe deu tanto axé?
À-toa! Vadia!
Começa uma outra história
Aqui na luz deste dia "D"
Na boa, na minha
Eu vou viver dez
Eu vou viver cem
Eu vou vou viver mil
Eu vou viver sem você...(2x)

Eu vou viver sem você
Na luz desse dia "D"
Eu vou viver sem você...

Caetano é dos poucos artistas que ultrapassaram gerações e ainda continuam compondo, com tanta qualidade... Meu sonho é perguntar:
CAETANO, DE ONDE VEM TANTA INSPIRAÇÃO? VOCÊ DORME, ACORDA, COME,BEBE, ANDA, RESPIRA POESIA E CANÇÃO? COMO É, DE ONDE VEM, PRA ONDE VOCÊ OLHA, O QUE VOCÊ OUVE? SERÁ A BAHIA? SERÁ O MAR, SERÁ A ALMA???
Eu posso escutar CAetano e viajar para diferentes lugares e traduzir-me em suas letras e quantos sentem sua obra como eu??
Você sabe, Caetano?
Como é para você??? Grande mistério... A Arte!!

mais uma letra:
VACA PROFANA

Respeito muito minhas lágrimas
Mas ainda mais minha risada
Inscrevo, assim, minhas palavras
Na voz de uma mulher sagrada
Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da manada
Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da man...
Ê, ê, ê, ê, ê,
Dona das divinas tetas
Derrama o leite bom na minha cara
E o leite mau na cara dos caretas

Segue a "movida Madrileña"
Também te mata Barcelona
Napoli, Pino, Pi, Paus, Punks
Picassos movem-se por Londres
Bahia, onipresentemente
Rio e belíssimo horizonte
Bahia, onipresentemente
Rio e belíssimo horiz...
Ê, ê, ê, ê, ê,
Vaca de divinas tetas
La leche buena toda en mi garganta
La mala leche para los "puretas"

Quero que pinte um amor Bethânia
Stevie Wonder, andaluz
Como o que tive em Tel Aviv
Perto do mar, longe da cruz
Mas em composição cubista
Meu mundo Thelonius Monk`s blues
Mas em composição cubista
Meu mundo Thelonius Monk`s...
Ê, ê, ê, ê, ê,
Vaca das divinas tetas
Teu bom só para o oco, minha falta
E o resto inunde as almas dos caretas

Sou tímido e espalhafatoso
Torre traçada por Gaudi
São Paulo é como o mundo todo
No mundo, um grande amor perdi
Caretas de Paris e New York
Sem mágoas, estamos aí
Caretas de Paris e New York
Sem mágoas estamos a...
Ê, ê, ê, ê, ê,
Dona das divinas tetas
Quero teu leite todo em minha alma
Nada de leite mau para os caretas

Mas eu também sei ser careta
De perto, ninguém é normal
Às vezes, segue em linha reta
A vida, que é "meu bem, meu mal"
No mais, as "ramblas" do planeta
"Orchta de chufa, si us plau"
No mais, as "ramblas" do planeta
"Orchta de chufa, si us...
Ê, ê, ê, ê, ê,
Deusa de assombrosas tetas
Gotas de leite bom na minha cara
Chuva do mesmo bom sobre os caretas...

INDICAÇÕES DE LEITURA


Durante nssa vida, lemos muitos livros. Muitos mesmo. São inúmeros os inesquecíveis e relevantes para cada um de nós.
Se eu fosse colocar todos, iria levar um tempão...
Então, vou colocar alguns títulos aqui que li e acho interesante que todos leiam. Se alguém quiser seguir a dca, bom apetite...
(Vou colocar aos poucos, senão vou ficar duas semanas na frente do computador e não vou acabar. Aceito sugestões também!!).

O HERÓI E A FEITICEIRA - Lia Neiva
É um livro muito bom, que narra a mitologia de Medéia de um forma acessível e cheia de belas imagens. Para quem é fã de Mitologia, é indispensável.

O VELHO E O MAR - Ernest Hemingway
Esse livro é de uma sensibilidade e simplicidade tão grande que a gente fica chocado... é assim: o velho e o mar: mais nada! E você se depara com a grandeza e acidez da vida!!

A REVOLUÇÃO DS BICHOS - George Orwell
Uma alegoria crítica ao solialismo de Stalin, é perfeitamente moderna e contemporânea, podendo se aplicar à realidade de qualquer lugar no mundo. É uma história inteligente que mostra nua e crua nossa situação diante dos grandes donos do mundo: os políticos.

para quem adora Mitologia, taí as dicas imperdíveis:
- O LIVRO DE OURO DA MITOLOGIA - Thomas Bullfinch
- O PODER DO MITO - Joseph Campbell
- O HERÓI DE MIL FACES - Joseph Campbell
- AS MÁSCARAS DE DEUS - Joseph Campbell
e toda obra do Campbell.
- ENCICLOPÉDIA DE MITOLOGIA - MArcelo Del Debbio. (magnífico e atual. a primeira edição é de 2008).

por ora, é isso. breve mais indicações!!

Outras indicações
- O CAÇADOR DE PIPAS - um clássico de Khaled Hosseini. Um livro lindo, triste, sofrido, cru, lírico, violento... Chorei ao ler do início ao fim... é uma obra prima, daquelas que não nascem todos os dias. Vale a pena.
- UM ATOR ERRANTE - Yoshi Oida. Uma lição de vida, dedicação e postura diante da vida. Yoshi narra sua trajetória, um ator japonês que entra na multicultural cia de teatro do maravilhoso Peter Brook. Nesse livro você aprende, se surpreende e conhece um pouco mais da história desse grande ator e do grande diretor Brook.

algumas de João Guimarães Rosa!!




(fotos do conto "A menina de lá", onde representei a Nhinhinha, no trabalho "O devagar depressa dos tempos". Realizado na CEUNSP, Faculdade de Comunicação e Artes. Direção Alexandre Caetano. 2009).

"quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo"

"ah, o tempo é o mágico de todas as traições"

"os olhos da gente não tem fim"

"os tempos mudavam, no devagar depressa dos tempos"

"a gente não vê quando o vento se acaba"

"o medo é a extrema inorância, em momento muito agudo"

"a vida era o vento querendo apagar uma lamparina"

"porém, o subir da noitinha é sempre e sofrido assim, em toda parte. O silêncio saía de seus guardados"

"a mata, as mais negras árvores,eram um montão demais; o mundo"

"para o pobre , os lugares são mais longe"

do livro "Primeiras Estórias". Um belíssimo livro, com tanta poesia e verdade, que chega a doer... É imprenscindível que todos mergulhemos no mar de Rosa.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

borboletas, ciclorama no céu

ela voou borboleta. anatômica. no ciclorama do céu,
olhando do alto de seus pequenos olhos
começo meio fim, um vôo solitário
castelo de tijolos etéreos,
que não se toca com esses dedos e ossos,
mas com dedos do não-querer-desvendar
tão depressa quanto o bater de asas
da borboleta: a vida.
dia.
minuto...
o tanto é rápido enquanto dura
o que persegue o atrás quando ele fica?
o que vem salvar o instante quando ele acontece?
feito agora!
borboleta voou...
já foi.
passou.

O VELHO E O MAR

Poema que fiz após ler o belíssimo livro: O VELHO E O MAR, de Ernest Hemingway. Aliás indico a leitura, é maravilhoso... é revelador!!!

O velho sentado, cansado
olhos chorosos contemplando o mar
como se as ondas, indo e vindo
brincassem de lhe trazer lembranças
... e depois tirar.

O mar deitado, eterno
salgado até a alma, contemplando o velho
como se aquele pedaço de universo
pudesse lhe sugar, de imediato
num só gole, urgente, irremediável!

constante

do alto, vejo-me a entrar na miragem
ser parte dela;
como se nunca tivesse deixado de ser.
essas imagens coloridas se movem no tempo necessário:
- nem devagar, nem depressa demais -
mas precisa.
se eu pudesse deixar tudo pra lá e seguir essa miragem,
transformar-me,
conhecer-me e reconhecer-me e cores que jamais senti.
Tornar múltiplas as chances e, jamais errar um passo,
mesmo quando pisamos nas nuvens.
Uma vez aberta a passagem, vão e vem sensações
- novas e antigas -
sem lógica, mas cheias de significados.
assim começa uma história, de mansinho e com um tanto de magia,
acariciando o invisível e acreditando mais na intuição
que no concreto, reto, imutável, o que não se vê.
Pode-se moldar sem nunca chegar ao fim...
Moldar é a experiência de viver
e o universo é a matéria prima.

rede de vento

rede de vento
balança...
no meu quadril a canção
a sinuosa condição
de entrar na sua dança...

vento na rede
descansa...
como se a tarde custasse a acreditar
que na rede quem balança
tem medo de dançar...

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

EXÍLIO ESPONTÂNEO


longe longe, onde tudo é perfeito
e a estrada parece iluminada
longe onde os sonhos são reais
os anjos são reais
e a noite nunca acaba
longe onde o arco-íris é uma ponte
e a ponte guarda ouro
e o ouro é mágico
igual a tudo que a gente ama
amar é mágico...
um instante... preciso respirar
renascer...
um instante longe de tudo e de todos
um exílio espontâneo
um bater de asas pra dentro de mim
ficar quietinha, embalada
cantiga de ninar e cetim...
longe... longe onde tudo é perfeito
as nuvens parecem brinquedo
que a gente não cansa de modelar
e dentro de cada nuvem tem um segredo
que só o vento sabe pra onde levar...

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Um véu espesso de dor e tristeza cobre o olhar dela
Feito jóias raras, antigas e de valor inestimável
a dor não tem preço
ninguém vende tristeza
e felicidade verdadeira não se compra
então esse véu que a acompanha
traz a seus olhos um brilho distante, frio
um sem cor
um dissabor
um sem chão, em meio a tantos pés
que no fim nem tem tantos caminhos assim

terça-feira, 11 de maio de 2010

HOJE... ONTENS...

Atrás dos sorrisos existe uma sombra
uma forma triste que se move vagarosamente
e vem me fazer chorar
existe um mal-estar
um não querer
um medo pulsante

me sinto muito só
frágil e desamparada
como se eu visse toda a vida passar diante dos olhos
e escorrer pelas mãos
e não pudesse fazer nada
meu filho me faz resistir
e também o que está porvir...

mas quando páro pra escutar o silêncio
ouço a melodia pálida
a voz da melancolia
e com ela a falta de sono
de fome
uma preguiça enorme
um desapego...
e me deixo levar, quase sempre para a inatividade
e para o choro

Não olhe assim para mim
não fale alto
não me contrarie
não tente me tirar daqui
meu corpo pesado
não quer censuras
reflete amarguras
que nem sei direito de onde vem

Tudo é longe e difícil
cansativo e impossível
chato, sem graça
tudo é contra mim
todos me esqueceram
a alma não voa
a imaginação não funciona
meu corpo dói
- dói muito -
e o que sobra
são pequenas coisas
pequenos clarões em dias sem cor

Respirar
respirar fundo e com calma
encontrar novamente a alma
não sei quando
por enquanto
os pés são de chumbo
a boca reclama água
os olhos reclamam o escuro
o coração descompassado
procura um bálsamo
um novo rumo...

priscila modanesi

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Ela...

Voa voa sua alma
pesada com o chumbo dos pensamentos
das neuroses e aflições
se pudesse voar ao invés de gastar os pés em estradas poeirentas
atalhos enganadoramente mais curtos
frases que não aguenta mais ouvir nem repetir

Voa sua alma num sopro de vento
deixa pra trás o tédio
o desamor
inventa uma forma de fugir, visitar outro país
um espelho
um momento feliz
para curar a dor de tantos outros

ela tem a poesia em sua alma
por isso precisa de beleza, essência e calma
um travesseiro
uma canção
mandar embora o que não serve
postar no universo o que a diverte
o que a embebeda
fazer sua trilha no céu
que não tem pedras, tem estrelas
arco-iris
cometa
o céu etéreo
escorregador infinito anil, mergulhado em glitter
ela quer descer esse portal macio
tirar tudo do lugar
encontrar suas rimas
e voltar
alma leve
pronta para voar..

POETA SEM MUSA




Não me sai uma gota de poema
Não penso em versos, só em prosa
Minhas musas cansaram e foram embora.
Restou-me a garrafa de vinho e o cigarro no cinzeiro,
A decepção tatuada, _ é uma doença esse vazio.

Hoje vejo o mundo tão sem graça,
_ Sem rimas_
e antes ele era a fonte da qual eu mais bebia.
O mundo era meu protagonista
Para o mundo odes, formas de conquista!
... Agora ele foi mesmo conquistado:
a falta de inspiração destruiu seu reinado...

Há muito pouco que se fazer,
Eu tenho a alma vagabunda ainda,
Nesse momento mendigo uns versos de aurora
MAS MINHA MUSA CANSOU-SE DE MIM E FOI EMBORA!

Ingrata! Mesquinha!
Por acaso não lhe dei o valor que merecia?
Não perdi noites de sono te adorando?
Como foge assim e leva minha poesia,
Responde-me a quem se oferece agora!

Preciso escrever uma coisa sensacional
Dessas que se colocam em um mural
Dessas com trilha sonora e ilustração
Comentários análises suspiros gerais
Que todos não cessem de ler
E copiam e guardam e todos querem ter...

Metafísica, geometria, existencialismo, política, sexo virtual, transcendental, anal!
Botânica, Butô, Bucolismo, fofoca família amor!
Escrever, cuspir, gozar um texto original,
Um tanto Rodrigueano!
Exorcizar a Musa vadia
Compor nem que seja só poesia
_ De botequim que seja_
De hipocrisia.

Puta que pariu! Me pariu, pariu uma doidivanas, havaiana, mucama, ama...
Uma vaca, paca, babaca
Explosão de mulher!

Quem sabe criar um almanaque, um gibi, um cordel...
Literatura contemporânea, espontânea, arte por arte, antropofagia, um levante homossexual!
Himalaia, Taj Mahal, intercambio cultural, ou seja lá o que Diabo for!
Diabo!
O diabo mora nos detalhes!
O inferno são os outros!
Heavy Metal, celebração Pop, enfoque.
Preciso de foco, de luz, desbaratinar o que não presta.
ÓPERA, ÓPIO, ÓCIO, ÓDIO!
Violência gratuita custa caro!

Vou escrever propaganda, vender barato:
Tudo ou nada na lei do consumismo!
Hieróglifo, telégrafo, código Morse, escrever escrever como máquina.
_ Não, senão fica sem alma, na máquina não tem negrito, itálico, arial black!_
escrever bico de pena, tatuagem de henna, teatro de arena,
E S T R A T A G E M A S !

I ching, runas , tarot, ler as mãos
Quem escreveu nosso destino?
Quem tão criativo, tão sádico?
Quem determina que seja assim ou assado, traçado, costurado, sem rasuras?
Quero rasurar meu texto, meu sexto sentido, meu pretexto, meu contexto.

Tô puta, caduca, com tudo, me confundo, um punho, um pulso, mãos...
Escrevam! Criem!
_Idiotices, mãos não pensam!_
Mas bailam, voam na esfera do braço
Na atmosfera de um abraço
Pegam no laço, cansaço!

Toc, tlec, tloc, timtim, tumtum, tamtam.....
Musa desonesta, profissão de uma figa
Vou fazer figa.
Isso, vou fazer intriga e ganhar a vida!
A vida!

Neologismo, protestantismo,
A Vida.
Ciclo, vício,
A Vida!
Purismo, ostracismo,
A Vida...
Gesto leve, tenso, beijar.
Se amar com a vida
Ser amor que dá a vida
Parir e gritar
Gritar e rir
Rir pra calar
Pra não parar de rir
E se encontrar.
O relógio conta horas
Conte-me uma história, ora bolas!
Ponteiros, segundos, minutos!
O relógio pifou, pifei!
Caduquei
Não penso em verso
Não penso em prosa
Não crio, natureza morta
Fumo
Bebo
Dou voltas e voltas
E me transformo de vez em movimento...

priscila modanesi

INSTANTE

Hoje to sem rumo, desesperada
Incapaz de nadar cem léguas
Inútil em tentar arrumar o sorriso
To assim feito um escândalo
Um prejuízo

Lavei os cabelos
Agora soltos batem na minha cara
Misturam-se às lágrimas a água do banho
Pareço uma pintura
Silenciosa,
Barroca.

Ah! Quanta dúvida e dor de existir
Minhas unhas reclamam um corpo pra arranhar
Um par de ouvidos sem cera
Que possam me ouvir
Um par de ouvidos e lóbulos
Arrepiando-se. Nus.

Rejeito a beleza porque minha feiúra grita
Meus defeitos dançam tão leves
Criando confusão
Nem a água nem a terra
Podem me purificar
Sou de metal extinto
Como borboletas transparentes em espelhos quebrados

Há tantas torres em meus ombros
De tijolos brancos, virgens
Torres virgens e sem janelas
Virgens degraus que não quero subir... nem descer
Antes rolarei torre abaixo
Desabando tudo, destruindo a simetria
Caos virgem em meus ombros

Quero saliva... quero soluços...
Passar da medida
Feiúra na brancura do dia
Desafiando as ninfas
As belas sacerdotisas
Quero salivas e um único soluço
Para me assustar à beira do precipício
Como a dizer: não pule!
E só pra contrariar um soluço
Pularei de olhos abertos
Só para não ter mais que lavar os cabelos
E senti-los batendo na cara
Só para que minhas unhas não me reclamem um par de pés
Só para derrubar de vez as torres e as tempestades
Que se equilibram em meus ombros
Só para me misturar ao chão tão bela
Enfim bela, ossos e escombros!

À ETERNIDADE

Navegamos juntos num oceano de maldições
Cansados, sem fôlego, pedimos perdão
Nos despedimos da vida como perdedores
Perdidos num mundo de água e sal... Não viramos estátuas
Nem fomos para o ventre da baleia
Tiramos da vida tolas lições
E a vida de nós tirou suor, trabalho e decepções...

Jogados com as ondas, nas pedras dormimos
Quebrados os ossos, rezamos à lua
Fomos isca de uma vida ingrata
Fizemos figa, cruzamos os dedos e morremos afogados

Pedimos socorro em navios pirata
Fomos confundidos com monstros marinhos
Talvez sejamos monstros, talvez sejamos piratas
Não nos avisaram nessa vida sobre nada!

O norte e o sul dos nossos corpos
Boiaram areia adentro ondas siderais
Contra todos, a favor de quem?
Se nos salvassem anjos, nós acreditaríamos...
Em anjos, só anjos dessa vez!

E agora, queremos secar nossas roupas
Mas há muito que somos só farrapos

Pisamos no nada descalços
Quem fomos nós nessa curta existência?

Se soubéssemos nadar... Ou voar
Fôssemos nós espécie de ave
Fôssemos nós um escalpe
Sobreviveríamos...
Mas não, não seria tão simples
Simples é morrer...
E viver? Quem agüenta tanto tempo?

Nus. Juntos no início e no fim
Irmãos sem sangue nas veias
Perdidos e partidos, sem Hemisfério
Sem terra firme... juntos, boiando rumo à eternidade
Que não sonha, não é, não faz sofrer, é eterna e só!

priscila modanesi

Uma Cia. Um Sonho



Sim, eu faço teatro... Eu luto, não durmo, não tenho domingos nem feriados, a família já me deserdou, os amigos "normais" há muito estão longe... Optei por este caminho e não me arrependo. Essa opção mudou toda minha conduta, meu filho teve que aprender, o que está por vir, aprenderá também... Namorados não aguentaram muito tempo... HOje amo alguém que me ama e que me aceita (mas um sufoco!!), mas sei o quanto deve ser difícil pra ele.
Porém, ele diz que meus olhos brilham quando falo de teatro... Devem brilhar mesmo (rs).
É uma vida difícil essa, o teatro é a arte da contramão, mambembe, por natureza, acho que sempre será assim...
Estudamos muito, nunca há um fim, mas meios, pretextos.
Os amigos se tornam irmãos, os momentos vivências que nunca esqueceremos...
Coordeno e dirijo uma Cia de Teatro... a Cia de Teatro Educando com Arte... é minha vida... meu dia-a-dia, meu suor, dedicação...
Cada nova peça, performance, aula, descoberta... São todos importantes... Urgentes...
Quero realizar muito ainda, muito... Sonho tanto... É preciso sonhar para criar...
Dar chances ao "SE"...
Abrir os olhos da imaginação...
Já estão abertos, arregalados noite adentro, dias sem fim...
Trabalhando muito...
Quem quiser conhecer um pouco desta tchurma, acessem:
www.teatroitupeva.multiply.com
Conheçam um pouco da Cia e de mim também!!

Alice... eu também vi e refleti...


Alice é uma viagem de entrada e saída do útero. Vi assim.

Quando ela cai no buraco, é como o espermatozóide que entra no óvulo.
As várias portas que ela tem de escolher, são as várias possibilidades do espermatozóide ser fecundado ou não. A menor porta, a brecha mínima é sua chance...

Fecundados então. Prossigamos viagem...

É como comparar a viagem de Alice ao nosso período no útero: um mundo desconhecido, de transformação, com certeza cheio de aventuras;
O Chapeleiro diz a Alice: Quando você for embora, não lembrará mais daqui!

De fato, não lembramos desse período no útero, mas os registros ficam em nosso inconsciente e são acessados, mesmo que a gente não saiba diretamente, em momentos de nossa vida, como na cena onde Alice lembra que já esteve naquele lugar antes... São flashs rápidos, mas que fazem cair muitas fichas...
às vezes a gente tem a sensação de já conhecer algo, de ter vivido, visto... Pode muito bem estar relacionado com nosso período no útero, onde éramos levados na barriga de nossa mãe(ou seria nosso coelho branco?).

É claro que quando Alice decide ir embora, é o momento do nascimento, voltar pelo mesmo caminho, ao contrário, transformados...

Bom, encerro por aqui, mas ainda estou refletindo sobre o assunto, tem um monte de outros elementos simbólicos... Assim que eu for esclarecendo, vou colocando aqui...

OBS _ A foto, é uma performance sobre ALice, que fiz em 2006, junto com Marsial Azevedo...

... Do Começo...

Começo com uma frase, que para mim, é fundamental e verdadeira, por si só:

ONDE HÁ MAGIA NÃO HÁ MORTE

-Joseph Campbell-

E continuo com um poema

"REZA O INFINITO"

Nada como estar preenchido de idéias
Idéias sem cor que ganham forma com imagens
E estar assim nesse impasse é como decorar cada recanto do universo
para soprá-lo num sorriso
num começo...

O começo é só um passo ou um aceno
o que vem depois desabrocha em infinitas proporções
o que vai pra lá tem seu destino feito
a gente que fica... vai pra onde não sei
Não saber é o Mistério

Recolher as folas para refazer as árvores na primavera
ou guardar o vento em garrafas de vidro para espantar o calor
deter a correnteza com pernas e braços fortes
dentes cerrados
punhos fechados
a água não vê a força, ela vai
incansável para o seu onde

E onde é que está a força da água senão no invisível
na transparência do seu ser, por si só
milhares e gotas que se juntrm para um só fim
a aura da água é verde

Fôssemos como partes dessas gotas
jamais nos sentiríamos sós
jamais nos sentiríamos fracos
jamais pararíamos em barreiras de braços, pernas, dentes e punhos
seguiríamos com a correnteza
para o onde da natureza
em meio às idéias, imagens, sons

A gente com a água dança o rio
canta a cachoeira
ama os peixes
reza o infinito.

-Priscila Modanesi-