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quinta-feira, 6 de maio de 2010

À ETERNIDADE

Navegamos juntos num oceano de maldições
Cansados, sem fôlego, pedimos perdão
Nos despedimos da vida como perdedores
Perdidos num mundo de água e sal... Não viramos estátuas
Nem fomos para o ventre da baleia
Tiramos da vida tolas lições
E a vida de nós tirou suor, trabalho e decepções...

Jogados com as ondas, nas pedras dormimos
Quebrados os ossos, rezamos à lua
Fomos isca de uma vida ingrata
Fizemos figa, cruzamos os dedos e morremos afogados

Pedimos socorro em navios pirata
Fomos confundidos com monstros marinhos
Talvez sejamos monstros, talvez sejamos piratas
Não nos avisaram nessa vida sobre nada!

O norte e o sul dos nossos corpos
Boiaram areia adentro ondas siderais
Contra todos, a favor de quem?
Se nos salvassem anjos, nós acreditaríamos...
Em anjos, só anjos dessa vez!

E agora, queremos secar nossas roupas
Mas há muito que somos só farrapos

Pisamos no nada descalços
Quem fomos nós nessa curta existência?

Se soubéssemos nadar... Ou voar
Fôssemos nós espécie de ave
Fôssemos nós um escalpe
Sobreviveríamos...
Mas não, não seria tão simples
Simples é morrer...
E viver? Quem agüenta tanto tempo?

Nus. Juntos no início e no fim
Irmãos sem sangue nas veias
Perdidos e partidos, sem Hemisfério
Sem terra firme... juntos, boiando rumo à eternidade
Que não sonha, não é, não faz sofrer, é eterna e só!

priscila modanesi

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