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quinta-feira, 6 de maio de 2010

POETA SEM MUSA




Não me sai uma gota de poema
Não penso em versos, só em prosa
Minhas musas cansaram e foram embora.
Restou-me a garrafa de vinho e o cigarro no cinzeiro,
A decepção tatuada, _ é uma doença esse vazio.

Hoje vejo o mundo tão sem graça,
_ Sem rimas_
e antes ele era a fonte da qual eu mais bebia.
O mundo era meu protagonista
Para o mundo odes, formas de conquista!
... Agora ele foi mesmo conquistado:
a falta de inspiração destruiu seu reinado...

Há muito pouco que se fazer,
Eu tenho a alma vagabunda ainda,
Nesse momento mendigo uns versos de aurora
MAS MINHA MUSA CANSOU-SE DE MIM E FOI EMBORA!

Ingrata! Mesquinha!
Por acaso não lhe dei o valor que merecia?
Não perdi noites de sono te adorando?
Como foge assim e leva minha poesia,
Responde-me a quem se oferece agora!

Preciso escrever uma coisa sensacional
Dessas que se colocam em um mural
Dessas com trilha sonora e ilustração
Comentários análises suspiros gerais
Que todos não cessem de ler
E copiam e guardam e todos querem ter...

Metafísica, geometria, existencialismo, política, sexo virtual, transcendental, anal!
Botânica, Butô, Bucolismo, fofoca família amor!
Escrever, cuspir, gozar um texto original,
Um tanto Rodrigueano!
Exorcizar a Musa vadia
Compor nem que seja só poesia
_ De botequim que seja_
De hipocrisia.

Puta que pariu! Me pariu, pariu uma doidivanas, havaiana, mucama, ama...
Uma vaca, paca, babaca
Explosão de mulher!

Quem sabe criar um almanaque, um gibi, um cordel...
Literatura contemporânea, espontânea, arte por arte, antropofagia, um levante homossexual!
Himalaia, Taj Mahal, intercambio cultural, ou seja lá o que Diabo for!
Diabo!
O diabo mora nos detalhes!
O inferno são os outros!
Heavy Metal, celebração Pop, enfoque.
Preciso de foco, de luz, desbaratinar o que não presta.
ÓPERA, ÓPIO, ÓCIO, ÓDIO!
Violência gratuita custa caro!

Vou escrever propaganda, vender barato:
Tudo ou nada na lei do consumismo!
Hieróglifo, telégrafo, código Morse, escrever escrever como máquina.
_ Não, senão fica sem alma, na máquina não tem negrito, itálico, arial black!_
escrever bico de pena, tatuagem de henna, teatro de arena,
E S T R A T A G E M A S !

I ching, runas , tarot, ler as mãos
Quem escreveu nosso destino?
Quem tão criativo, tão sádico?
Quem determina que seja assim ou assado, traçado, costurado, sem rasuras?
Quero rasurar meu texto, meu sexto sentido, meu pretexto, meu contexto.

Tô puta, caduca, com tudo, me confundo, um punho, um pulso, mãos...
Escrevam! Criem!
_Idiotices, mãos não pensam!_
Mas bailam, voam na esfera do braço
Na atmosfera de um abraço
Pegam no laço, cansaço!

Toc, tlec, tloc, timtim, tumtum, tamtam.....
Musa desonesta, profissão de uma figa
Vou fazer figa.
Isso, vou fazer intriga e ganhar a vida!
A vida!

Neologismo, protestantismo,
A Vida.
Ciclo, vício,
A Vida!
Purismo, ostracismo,
A Vida...
Gesto leve, tenso, beijar.
Se amar com a vida
Ser amor que dá a vida
Parir e gritar
Gritar e rir
Rir pra calar
Pra não parar de rir
E se encontrar.
O relógio conta horas
Conte-me uma história, ora bolas!
Ponteiros, segundos, minutos!
O relógio pifou, pifei!
Caduquei
Não penso em verso
Não penso em prosa
Não crio, natureza morta
Fumo
Bebo
Dou voltas e voltas
E me transformo de vez em movimento...

priscila modanesi

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