poemaemcontagotas

poemaemcontagotas

Pesquisar este blog

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Sorriso do Tempo

Hoje eu acordei e somente hoje pude observar o tempo
por um instante quase que roubado, imperceptível...
vibrante como o coração
pude estar ente o tempo e eu
era quase palpável
quase pesado demais para suportar
o tempo que resolveu se apresentar

e eu, que de tempos em tempos mergulho fundo no vazio
olhei pro tempo feito menina que roda a saia favorita
ou feito uma bolha de sabão que encanta dois segundos e... estoura!
o tempo mostrou-se traiçoeiro
excitante
inquieto
um tempo melhor pra eu gostar de mim
pra eu rever a mim mesma
na pausa do tempo
como rio sem vento que balance as águas:
esse momento parado foi o suficiente
para deixar no vazio apenas o que não suporto
para me desapegar de vícios supérfluos
como a mania de perseguição
a descrença no outro
a insegurança de receber um carinho inocente
a revolta da pele grudada em meu corpo.

e quando sem tempo de consertar tudo de necessário em mim
o tempo sorriu com os lábios entreabertos
e fugiu...
o tempo passou num sorriso
e eu, feito a carruagem que virou abóbora
o sapatinho esquecido na escada
voei... abri os braços e voei no lugar
porque num sorriso o tempo foi meu amigo
e pude gostar mais de mim!

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

SUICÍDIO

Duas mulheres. Amigas. Abandonadas pelos respectivos namorados. Estão no alto de um prédio. Prontas para se jogar. Uma delas, olhando lá pra baixo e sentindo uma vertigem, vacila:
CHARLOTTE: Bem... Pode ser que o Super Man me salve!
ALICINHA: Ou o Batman!
CHARLOTTE: Perae, o Batman não voa!
ALICINHA: Mas ele é super-herói, não é?
CHARLOTTE: É.
ALICINHA: Então ele que se vire.
CHARLOTTE: Ta. Ah, se pode o Batman também pode o Zorro.
ALICINHA: Boa!
CHARLOTTE: Até mesmo o Hobbin Wood. Sempre tive uma queda por ele.
ALICINHA: O Bob Esponja.
CHARLOTTE: Mas perae, ele ta no fundo do mar. Não ia dar tempo.
ALICINHA: E ele é um desenho animado. Desenho não vale!
CHARLOTTE: Verdade, desenho não. Mas a gente precisa decidir logo!
ALICINHA: É.
CHARLOTTE: Um pé já ta pra fora.
ALICINHA: É.
CHARLOTTE: Quem sabe o Homem Aranha? Ele escala!
ALICINHA: Daí eu prefiro o Tarzan!
CHARLOTTE: Ótimo. O Homem aranha me salva e o Tarzan salva você!
ALICINHA: E se um deles não chegar a tempo?
CHARLOTTE: Daí bau-bau!
ALICINHA: Seria melhor chamarmos a Liga da Justiça!
CHARLOTTE: ou os Mutantes.
ALICINHA: A Rita Lee também é heroína?
CHARLOTTE: Não, os outros Mutantes... Volverine, Tempestade... Lembra?
ALICINHA: Claro... Se bem que em São Paulo a Rita Lee é Santa... Bastante gente sempre ajuda nesses casos.
CHARLOTTE: bateu um medo de repente.
ALICINHA: É... Fiquei com saudades de casa.
CHARLOTTE: Será que a gente...
ALICINHA: Não! Prometemos que pularíamos se os safados nos largassem!
CHARLOTTE: Será que vale a pena? Se a gente morre, que vai infernizar a vida deles?
ALICINHA: Pensando por este ângulo...
As duas olham para baixo, o trânsito está um absurdo, a vontade de pular aumenta, mas a lembrança dos bons momentos compartilhados juntas faz com que tomem a decisão.
CHARLOTTE: Faz assim, a gente troca o suicídio por um novo porre.
ALICINHA: Dessa vez a gente mistura mesmo. Coquetel alcoólico!
CHARLOTTE: Falou!
ALICINHA: Volta o pé, com cuidado. Respira!
De mãos dadas vão embora. Andando com cuidado para não correr o risco de esbarrar sem querer e cair prédio abaixo, afinal estavam no vigésimo quinto andar.
Nesse momento, aparecem de todos os lados e meios de transporte o Super Man, o Batman e o Robin atrás, curioso, e o homem morcego falando: “Você não foi convocado! Não foi!”, em vão, a dupla dinâmica não podia se separar. E chega também o Zorro, o Hobbin Wood, Homem Aranha, o Tarzan e a Chita (claro!), a Liga da Justiça, todos os Mutantes, os do bem e os do mal e até o Bob Esponja, saído das profundezas marítimas.
Exclamações de super-heróis: “Ih, alarme falso! Não se fazem mais suicidas como antigamente!E agora? Já pensou se a gente resolvesse fazer um suicídio coletivo? Quem nos salvaria?”.
Momentos de reflexão. Um deles, o de capa preta e máscara responde: “Quem sabe o Governo? A polícia? O Exército?!”
Todos se entreolham. Novas exclamações: “Hum... Melhor não! Não ia dar certo!”
E o bob Esponja arremata:
“Isso é coisa da nossa imaginação! Hehehehehe... ”.
E cada um segue o seu rumo.

PRISCILA MODANESI