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domingo, 19 de fevereiro de 2012

Ser ou não ser...


Ser ou não ser... Eis a questão!
Aí está a indagação absoluta e jamais respondida! Que se há de ter certeza? Como podemos ter garantias de sucesso, de uma carreira promissora, de um futuro brilhante? É preciso carregar o piano todos os dias! Para estar no castelo é preciso imaginar suas paredes, com sua textura, cores, cheiros e histórias escondidas... Para entrar no castelo é preciso usar a palavra mágica SE... E se? E se soubéssemos onde tudo isso vi dar? E se soubéssemos que a arte é um ofício que nos exige uma vida de trabalho e às vezes, apenas poucas horas de verdadeira inspiração!
Viver de arte pode parecer utopia, porém não viver de arte é impossível... Para aqueles que são tocados uma vez... Aqueles que escutam a música e entendem que é preciso dançar, aqueles que vêem beleza onde jamais se esperou, aqueles que passam noites acordados à espera do insight perfeito! Aqueles que, muitas vezes, abrem mão de fins de semana, feriados e reuniões com os amigos para passar horas a fio numa sala, suando, criando, repetindo, repetindo, repetindo... Quando você está exausto, é hora de criar!
O show tem que continuar... Para isso, não há descanso jamais, sempre haverá um porém, um parêntese, um questionamento capaz de abrir novas visões, de libertar fronteiras e nos mostrar que a vida inteira é um início!
Não há uma fórmula para o sucesso, há que se buscar sua bem-aventurança sempre! Há que se apaixonar todos os dias pelo seu trabalho e é preciso identificar-se, desejar a transformação a partir do que você faz... Dedicar-se inteiramente, ser íntegro, fiel aos seus valores, acordar todos os dias para sacudir o mundo e a si mesmo! Não há tempo para descanso, para deixar que sejamos moldados, nós é precisamos moldar, transformar, transcender! Para estarmos aptos a enfrentar novos públicos. Devemos começar por sermos capazes de enfrentar cadeiras vazias. Acredito que Peter Brook sabia do que falava ao dizer algo assim!
Começamos nosso curso com umas 20 pessoas e terminamos em 4! Foram quatro anos difíceis, somos a primeira turma de teatro, enfrentamos dificuldades, chegamos num ponto de nem nós acreditarmos que chegaríamos aqui, quando no decorrer dos semestres observamos os colegas saírem... De repente, os opostos da sala tiveram que se juntar! Tivemos que conviver e aprender com o outro, tivemos que acreditar que havia uma saída, que se n[os nos juntássemos, daria tudo certo, afinal!
Um campo florido guardado por cães pastores simboliza as dualidades humanas: de um lado o desejo, o sonho e a esperança. De outro, a realidade.
Pina Bausch – Bailarina alemã

Todas as pessoas que desistiram desse curso, representam de certa forma a dificuldade que é querer fazer e viver de arte! Representam essa realidade que antagoniza o desejo, o sonho e a esperança!
Nem sempre é possível, temos que vencer vários preconceitos, muitas vezes nem nossa família nos apóia, muitos acreditam que o curso de teatro é fácil, que nada se tem pra fazer, apenas decorar umas falas e pronto! Doce engano! Nosso aprendizado começou agora, esse curso nos proporcionou a abertura de algumas janelas, nos trouxe questionamentos suficientes para duas vidas e será sempre assim, não há um ponto final, há muitas interrogações!
Nós, que aqui chegamos temos bem vivas essas interrogações, nós que aqui chegamos sabemos das provações e privações às quais passamos, nós que aqui chegamos sabemos das lágrimas e das flores que dividimos...
E no meio de tanto espinho, de tanta flor, de tanto que se há por dizer, nos olhamos com a indagação: ser ou não ser! Não sei o que será o amanhã, mas sei que hoje resolvemos SER, e somos! Somos os primeiros formandos do curso de teatro do CEUNSP!! Evoé!

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