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quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

em prantos.

Muitos são os motivos para chorar, mas um bem maior bloqueia as lágrimas... os pensamentos viajam para vales sombrios, abro as janelas, mas ta tudo escuro. 
Muitos são os motivos para desistir de tudo. há apenas uma brecha que me faz ficar.
Há tanto tempo, essa aflição. nem sei definir mais a situação.
Não queria escrever sobre isso. mas preciso desafogar. desaguar pra algum canto, to transbordando.
Escrever é expurgar; as noites estão insones. os dias preguiçosos.
Às vezes peço um anjo. Uma proteção. Acho que minha fé é pouca. Ou nula.
Tento me inspirar em pessoas leves... felizes...
Mas esses tempos são de guerra. O fato é que eu devo esquecer. Como?
As lembranças doloridas insistem em arder.
Amanhã... Amanhã... Amanhã...
é o que ouço: espere o amanhã....
Há meses espero o amanhã;;;

sábado, 21 de dezembro de 2013

CENSURADA

Lhe arrancaram as palavras mais geniais.
No more.
Seu status rapidamente foi precipício abaixo
Dentes rasgaram sua pele
mas a boca fechada, forever.
ou pelo menos até que as cicatrizes se acalmem


domingo, 6 de outubro de 2013

POEMA DA REVOLUÇÃO GRAMATICAL


 

Um registro de idéias, num flash epopéias

Muitas! São centopéias,

Um cêntuplo de pensamentos

Centúria a lutar contra preconceitos

Um cêntimo por esse silêncio

Displicência centenária nos trejeitos

Resvala o dó, o sol, centavos a velejo...

 

Meu eu lírico é desigual, até casual

É rouco, uma rima sensual

Despejada em odes, odisséias

Mariposas simétricas

Retilíneas esconjurações

Designações do meu eu-proposital

Sou uma hipérbole com mil paradoxos

Superlativos abstratíssimos!

 

Escrevo-me ou descrevo-me, sou emergente

Transcendente de um estilo literário

Nem rótulos, nem catálogos

Enluarada, ensolarada, intempestiva

Radioativa, figuração, protagonista

No caos das idéias iluministas!

 

Um elo inebriante entre povo e governante

É um sabor diverso experimentar tais gumes,

É uma gota de sabedoria caindo n’alma

Em um segundo apenas um minueto gracioso

Um minuto de sobra,

Percorrer muitos quilômetros num minuto-luz

Um miríade de explicações e conotações

Sentimentos momentâneos, duradouros

Centímetro a centímetro

Olho no olho,

Alcançando a vida, diminuindo-a então

É uma conseqüência lógica, mas nem sempre percebida

 

A indignação mede muitos quilowatts,

Mas tem sua força na inércia dos tempos

É uma revolução quixotesca

Um qüiproquó circense, mambembe

A revolução é um peixe-voador

Que de séculos em séculos arrisca pequenos vôos

Quimera doce viver a anos-luz

 

Soletrando o mi, o fá, notas múltiplas

Como os dias, vividos em lupas

Flash-back, lugar-comum, saudosismo natural

Um vintém por uma hora a mais

Um tostão para viver novas loucuras

Molecagens, muitas travessuras

E esquecer o presente que está falindo o futuro

Mais uma cantiga de roda

Aquela antiga rota

Que nos conforta, nave especial,

Encubadouro de filosofias!

Lusíadas, troianos, muçulmanos

Reacionários, ultra-humanos

Clonagem lírica de gramáticas científicas

Ao fim códigos, números, registros

Muitos dólares, coração extinto

Por enquanto ainda vivemos descomplicados

Construindo e bombardeando grandes telhados!
 
PRISCILA MODANESI
 
 

sábado, 5 de outubro de 2013

REZA O INFINITO


Nada como estar preenchido de ideias

Ideias sem cor que ganham formas com imagens

E soprá-las num sorriso

Num início...

 

Desabrochar o infinito

Desfrutar o destino

Sem sabê-lo

Mistério diário

 

Guardar as folhas que caem no outono

Para refazer árvores na primavera

Guardar o vento em garrafas

Para espantar o calor

Deter a correnteza: pernas e braços fortes

Dentes cerrados

Punhos fechados.

A água não vê a força

Ela vai...

Incansável para o seu onde

 

A força da água mora no invisível

Na transparência do seu ser

Milhões de gotas juntas para um só fim

A aura da água é verde

 

Fôssemos como parte dessas gotas

Jamais nos sentiríamos sós

Ou fracos

Seguiríamos com a correnteza

Para o onde da natureza

 

A gente com a água dança o rio

Canta a cachoeira

Ama os peixes

Reza o infinito.


PRISCILA MODANESI
 

 

 

LADAINHA DO NEGRO


Soa triste o canto negro dos irmãos da minha Pátria

Voam longe os dias em que ficávamos exaustos de dançar... apenas de dançar...

Ficou para trás o horizonte, o nosso berço, a nossa liberdade

Ficaram as marcas de aço e chicote em nossa pele

O gosto de sangue, o cheiro da morte, o acorde das lágrimas

O mar abraçou nossas feridas, mas não conseguiu curá-las

A honra, de tão pisoteada, adormeceu em nossas almas

O canto silenciou nas noites escuras

Os monstros marinhos devoram os que não suportam

Os que sucumbem à ganância e aos maus tratos

Oxalá, Oxalá, olha por nós!

Traz-nos tua força Guerreiro Ogum!

Que os pretos d’Angola não aguentam mais chorar...

Esse chão que recebe nossos pés é árido demais

O sol queima nossa pele, quente demais

A água não mata a sede, a comida não mata a fome

A escravidão nos mata, Oxalá!

Oxalá, Oxalá olha por nós!

Que os ‘preto’ ‘tão tudo triste

A gente se olha, a gente chora

A gente se cala e calado se pergunta se a paz ainda existe!
 
TEXTO DE PRISCILA MODANESI