Soa triste o
canto negro dos irmãos da minha Pátria
Voam longe os
dias em que ficávamos exaustos de dançar... apenas de dançar...
Ficou para trás
o horizonte, o nosso berço, a nossa liberdade
Ficaram as
marcas de aço e chicote em nossa pele
O gosto de
sangue, o cheiro da morte, o acorde das lágrimas
O mar abraçou
nossas feridas, mas não conseguiu curá-las
A honra, de tão
pisoteada, adormeceu em nossas almas
O canto
silenciou nas noites escuras
Os monstros
marinhos devoram os que não suportam
Os que sucumbem
à ganância e aos maus tratos
Oxalá, Oxalá,
olha por nós!
Traz-nos tua
força Guerreiro Ogum!
Que os pretos
d’Angola não aguentam mais chorar...
Esse chão que
recebe nossos pés é árido demais
O sol queima
nossa pele, quente demais
A água não mata
a sede, a comida não mata a fome
A escravidão nos
mata, Oxalá!
Oxalá, Oxalá
olha por nós!
Que os ‘preto’
‘tão tudo triste
A gente se olha,
a gente chora
A gente se cala
e calado se pergunta se a paz ainda existe!
TEXTO DE PRISCILA MODANESI
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