Quem é cristão, relembra os momentos que antecederam a prisão, condenação e crucifixação de Cristo.
Existem várias celebrações, procissões, missas e orações, às quais eu pessoalmente não sei, por não ser frequentadora de nenhuma religião... Isso não elimina meu conhecimento da história e o quanto ela é capaz de nos colcoar pra pensar... Ouvir sobre a Mitologia de Cristo nos coloca diante de um homem de carne e osso, filho de Deus e de uma Virgem... anunciado por um Anjo... guiado por uma estrela e presenteado por MAgos... Há mais de dois mil anos atrás, no calor de um deserto árido...
E, depois, tudo que se passou com o bebê... A trajetória de Jesus é cheia de milagres, viagens, peregrinações, sofrimento, suas palavras sempre trazem alento, sua humildade é espantosa, sua sabedoria nos alimenta...
A violência com que ele é acusado, julgado e morto também nos provoca uma sensação de impotência, de reflexão e tristeza...
Tenho a oportunidade de relembrar essa história todos os anos, não pela Igreja, mas pelo Teatro. Fiz uma adaptação, baseando-me nos Evangelhos e com citações de outras Doutrinas também, como a budista, a espírita... Assim como uso poemas de Fernando Pessoa e citações de Joseph Campbell, influências para criar o texto de Jesus de Nazareth, um espetáculo que pretende ser uma obra artística, pretende contar essa história sem se fechar em uma religião...
Quando assumi o desafio, fiquei com medo de levantar questionamentos aos quais não poderia responder... mas as coisas seguiram seu rumo sem grandes atropelos... Encarei o desafio de viver a personagem Maria, mãe de Jesus. Geralmente, quando dirijo um espetáculo não atuo ou faço pequenas participações. Nesse caso, Maria era uma deliciosa tentação para meu lado atriz... Viver a mãe das mães... E olha, é extremamente gratificante, emocionante e revelador representar Maria!
As emoções brotam. Ela é tão humana, tão bondosa, tão fiel a Deus...
Ano a ano reunimos o elenco de jovens e crianças e ensaiamos todos os domingos. À medida que mergulhamos nas cenas e na história, a energia pulsa e se torna quase palpável.. No início é difícil fazer alguns atores acreditarem e sentirem a verdade das cenas, mas quando isso acontece é delicioso!
O que acontece entre o elenco é algo mágico e sensível, que se intensifia e atinge seu clímax nas apresentações, que são realizadas em praça pública!
o céu, as estrelas, a lua... o vento contracenando com a gente, o público que nos acompanha atentamente, tudo contribui para a chamada catarse! E ela vem! Vem e nos move, nos balança, nos comove!
Ao fim do espetáculo, já não aguentamos e as lágrimas correm verdadeiras e livres... é um banho de alma mesmo!
E que bom que podemos passar por isso todos os anos. Esse espetáculo nos revela também enquanto seres humanos e isso é fundamental em nosso trabalho e aqueles que sentem isso, sem dúvida, são os que aguentam os calorentos ensaios aos domingos... Mesmo que essas pessoas não tenham consciência, intimamente há essa identificação. Teatro é uma troca, algo todos nós recebemos com essa experiência!
É o que espero descobrir novamente este ano... Por isso, todos que tiverem a oportunidade, curiosidade, vontade... seja lá o que for, vão assitir à Paixão de Cristo!
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